terça-feira, 29 de abril de 2008

DESVONTADE DE FALAR.

Sim. Não há mais nada a escrever. Tudo já foi escrito. Tudo o que deveria ser dito já foi dito. E está sendo dito agora mesmo, ao redor de todo mundo. E de todo o Mundo. Não há mais nada a falar sobre o que quero falar. Não tem mais graça falar das desgraças, dos desgostos, das desavenças, das doenças. No final, acaba por ser tudo igual.
Vamos falar de paz em tempos de guerra. Vamos falar de saúde em tempos de epidemia. Vamos falar e falar de novo. E repetir, mas com outras palavras. Porque tudo isso já foi dito.
Vamos criar novos conceitos a partir de conceitos que foram bem sucedidos. Vamos imitar com originalidade!
Há muito o que repetir. Infinitas palavras que proclamam união, compreensão, amor. Há muito o que repetir. Mas já estamos cansados das nossas palavras. Já conseguiram dizer tudo o que deveria ser dito, de todas as formas. Resta apenas estes discursos chegarem aos nossos ouvidos. E também aos nossos olhos. E que seja compreendido no final de tudo. Isso é o mais importante. Pois de que adianta criar um discurso eloquente, persuasivo, em que sejam usados os mais altos níveis da retórica, se este não chegar claramente a todos os níveis sociais, principalmente os que mais precisam?

O ser humano fala demais e raciocina de menos. Algo importante a se dizer deve ser pensado e repensado várias vezes. O suficiente para que o público alvo entenda claramente. Mas não. O ser humano prefere falar bonito a raciocinar bonito.

Não exite em reproduzir qualquer palavra que seja necessária repetir. É necessário sempre. Mas raciocine primeiro antes de pronunciar um "sim", um "não", um "é".

Sinto neste momento, por tudo isso, uma enorme desvontade de falar.


Texto por mim mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário