terça-feira, 2 de março de 2010

Pouquíssimo do que eu queria dizer

Sábado, dia 27/02/2010, foi minha colação de grau do curso técnico em informática. Fui escolhido para orador da turma. O problema é que eu, sinceramente, não consegui pensar em nada dignamente relacionado à informática para discursar. Foi então que me arrisquei, e discursei algumas palavras que, sem querer, atingiu a atenção de alguns. Estes, ao fim da sessão solene, vieram até mim dar parabéns, não pela formatura mas pelo discurso.

Até agora não acredito que mereço tanto crédito assim. Não estou bancando o modesto. Apenas acredito que minhas palavras foram sinceras e há muito queria que alguém pudesse dizer algo parecido em público. Tendo a oportunidade, tive que preparar estas palavras (que sintetizam um pouco do que tudo gostaria eu de dizer). Ei-las:
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Formandos, colegas, pais, professores, autoridades e acompanhantes em geral: muito boa noite. Pretendo eu neste breve discurso cumprir com o papel de orador da turma do Técnico em Informática, modalidade concomitante.

Há mais ou menos 15 dias eu recebi a “intimação” da minha colega Isis: “Luiz, você vai ser o orador da nossa turma, tá?”. Foi exatamente esse “convite” que me fez pensar nas palavras que eu “quero”, mas talvez não poderia dizer aqui.

Imaginei que deveria dizer algo hoje relacionado ao meu curso: falar da importância do computador, de como a informática e a tecnologia são importantes na evolução do mundo e blá blá blá.

Me desculpem, mas não consegui pensar em algo que ninguém ainda não saiba dentro desse tema. Pois tudo o que me veio à cabeça foram layouts, códigos PHP e pensamentos exatos que podem ser quantificados e processados.

Uma professora brincou no inicio do curso: “ Computador é burro. A única coisa que ele sabe fazer é conta”. Bom. Na linguagem técnica, isso se chama “processar dados”.

Eis aqui um nó para amarrar meu assunto ao curso: O computador não faz idéia de que esses dados que ele processa pode tanto salvar uma vida quanto acabar com uma.

Pode salvar a vida de um paciente que está preso aos fios e tubos em uma sessão de hemodiálise. Pode matar uma garota, que inocentemente entrou em uma sala de bate-papo virtual, trocou algumas idéias com um babaca chamado “gatinho carinhoso”, marcou um encontro com ele e acabou assassinada por um maníaco estuprador.

O que eu quero dizer com isso? Quero apenas que cresçam, percebendo que muitas coisas neste mundo não são boas e não são más. Apenas “são”.

Uma faca pode cortar o pão para recheá-lo e matar a fome do trabalhador que chega em casa faminto. Essa mesma faca pode ser a arma que atravessou o peito daquele homem que chegou em casa faminto.

Eu não preciso fazer uma pesquisa para saber que a primeira arma da história da humanidade não foi criada para matar um homem. Com certeza o objeto já existia, mas foi o homem quem lhe deu uma utilidade para fazer o mal.

Meus caros colegas, espero que tudo o que aprendemos neste curso, e durante outros estudos e experiências em toda a nossa vida, seja usado para o bem. E também que não seja usado simplesmente só para o seu próprio, mas acima de tudo, para o bem do próximo. Isso remete as mais primitivas leis do bom senso que, ironicamente, foram criadas...pelo homem.

Cristãos, “amem o próximo como a ti mesmo”. Wiccanos, lembrem-se da lei tríplice: "Tudo o que fizeres voltará em triplo para ti". Ateus e céticos, tentem acreditar em uma simples verdade: a ganância, o egoísmo e falta de fé naquilo que não pode ser comprovado concreta ou cientificamente, tornam vocês burros, como os computadores: apenas vão processar dados pelo resto da vida cegamente, alimentando ilusão de que já têm o suficiente para serem felizes, quando na verdade estão... apenas processando dados.

Aonde quer que forem durante suas vidas, meus colegas, levem a verdade estampada no peito. Verdade rima com justiça. Nunca deixem ser encobertos pela máscara da aparência. Ela é exigida em muitos momentos da nossa vida, às vezes para cumprir com as regras do bom senso, criadas por...adivinhem?! O homem. Este, com o tempo, acabou esquecendo o limite do bom senso. Mas a verdade entra exatamente onde o bom senso falha. A verdade não é boa, nem má. A verdade simplesmente “é”.

Se for preciso, jogue tudo pro alto em prol da verdade, pois ela lhe fará merecer caminhos mais dignos. Ela prova que temos coração unido à razão. O que não nos faz simples “processadores de dados”.

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